Sabiam que é possível ler Fernando Pessoa em mirandês? Ora vejam:
Esta é a edição em mirandês da Mensagem de Fernando Pessoa:
Agora, perguntam algumas pessoas, por que raio alguém traduziu para mirandês um livro que todos os falantes de mirandês podem ler no original?
A questão é complexa…
Primeiro, presumo que tenha sido por prazer. O tradutor, Fracisco Niebro (também conhecido por Amadeu Ferreira), fala mirandês e é um dos seus grandes defensores. Traduzir é também um prazer, principalmente quando não temos prazos para cumprir, gostamos da obra — e queremos defender a língua para a qual estamos a traduzir.
Segundo, é uma forma de tornar mais literária a língua em questão (o mirandês). A tradução sempre serviu para isso — e não imaginam os doutoramentos que já se fizeram com base neste facto.
Terceiro, a tradução de obras marcantes da literatura e cultura portuguesas marca uma característica específica da promoção do mirandês: é feita como forma de promoção da cultura portuguesa e não como sintoma de nacionalismo, regionalismo ou outro ismo. Os defensores do mirandês insistem que esta é a segunda língua nacional de Portugal — não querem sublinhar o seu carácter regional, ao contrário do que acontece mesmo aqui ao lado.
Estes três pontos não respondem inteiramente à questão. Não sendo um sintoma de regionalismo, por que razão querem os falantes manter esta língua? Há aqui uma relação emocional muito forte com a língua dos nossos avós, uma tentativa de manter uma ligação a um passado talvez um pouco idealizado. Pode ser isto e muito mais. Claro que voltaremos a esta segunda língua portuguesa.
Para terminar, oiçam um pouco de mirandês, só para conhecerem a sonoridade da língua:
fico a saber que o país se chama Pertual